quarta-feira, 2 de outubro de 2013

'Falta base matemática aos programadores de games', diz professor da UFF










Ao decidir pela carreira de criação de jogos, o estudante pode optar pelo design gráfico, marketing, roteiro, etc. No entanto, entre todos os segmentos, o trabalho do programador continua sendo fundamental. Nesta semana, a coluna Geração Gamer, do TechTudo, bateu um papo sobre as virtudes e os defeitos da programação no Brasil com o professor Esteban Clua (40), doutor pela PUC-Rio e criador do Medialab na Universidade Federal Fluminense (UFF), um laboratório focado em pesquisa e desenvolvimento de jogos e entretenimento digital.



Professor Esteban Clua, da UFF (Foto: Arquivo pessoal) (Foto: Professor Esteban Clua, da UFF (Foto: Arquivo pessoal))
Professor Esteban Clua (Foto: Arquivo pessoal)


A importância da programação nos games



Segundo Clua, um programa ou um game mal feito utiliza mal os recursos da máquina, deixando de ter boa performance e fazendo muitos cálculos e processamentos que poderiam ser otimizados ou até evitados. Para o professor da UFF, inúmeros problemas surgem quando os códigos são construídos com problemas ou por falta de informações do desenvolvedor de jogos.



Os erros mais marcantes, segundo Esteban, são:















































1

Mau uso dos recursos do processor do computador

2

Bugs impossíveis de serem rastreados

3

Uso problemático do processamento gráfico

4

Processamento com excesso de polígonos

5

Comportamentos e inteligência artificial muito determinados

6

Interfaces mal acabadas

7

Grande variação de performance se for mudada a plataforma e/ou console

8

Dificuldade na transferência de uma plataforma para outra

9

Código que não pode ser reutilizado em novas versões

10

Dificuldades gerais de integração



Esteban Clua listou apenas 10 problemas, justamente para destacar a importância do papel do profissional responsável pelos códigos em todos os aspectos dos games. E ele recomenda: “Um estudante de games deve saber programar. A linguagem pouco importa, porque elas mudam com o tempo. Se eu fosse dar uma dica para começar hoje, recomendaria Phyton e Java”.



Em fevereiro de 2013, grandes nomes da tecnologia como Bill Gates (Microsoft), Jack Dorsey (Twitter) e Mark Zuckerberg (Facebook) apoiaram uma iniciativa chamada Code.org, que pretende encorajar a ciência da computação como parte da educação básica de crianças nas escolas americanas.



Esteban Clua acredita que esse tipo de conhecimento dos códigos deve ser melhor disseminado entre os alunos do ensino superior no Brasil. “Desde que me tornei professor de computação, eu me deparei com o desafio de ensinar recém-ingressos no curso a programar. Não é uma tarefa fácil, porque o computador é uma máquina formal e matemática. Ele não segue o mesmo princípio de raciocínio do ser humano, criando uma barreira para os que vão aprender a lidar com ele”, explicou o professor doutor da UFF.



Bill Gates participa de uma ação para incentivar crianças a programar chamada Code.org (Foto: Reprodução/YouTube)
Bill Gates participa de uma ação para incentivar crianças a programar chamada Code.org (Foto: Reprodução/YouTube)


No entanto, sobre a qualidade dos programadores em nosso país, Esteban Clua é otimista: “Não creio que o Brasil tenha uma deficiência particular no setor de programação. Muito pelo contrário, nós temos uma excelente formação e ótimos profissionais. Inclusive exportamos muita gente para empresas de grande porte espalhadas pelo mundo. O Brasil também sempre fica bem colocado na maratona mundial de programação”.



O professor identifica um problema em um conhecimento particular que, dentro da programação, exerce um papel fundamental e é mal colocado em escolas no mundo todo. “Creio que o maior problema, a nível global, é que a formação de matemática recebe pouco cuidado na escola, o que atrapalha bastante ao querer aprender a programar. O designer é desestimulado a programar justamente porque tem medo ou ficou assustado com a matemática. E não tem jeito, programar é matemática”, frisa Esteban Clua.



Programação é uma das atividades essenciais na criação de games (Foto: Christopher Hsia/Flickr/Creative Commons) (Foto: Programação é uma das atividades essenciais na criação de games (Foto: Christopher Hsia/Flickr/Creative Commons))
Programação é uma das atividades essenciais na criação de games (Foto: Christopher Hsia/Flickr/Creative Commons)


O especialista foi responsável pela adoção de uma metodologia de ensino que facilita o entendimento de programação. “Ao participar de um congresso promovido pela Microsoft em 2005, conheci uma linguagem chamada Phrogram, que tornava simples a programação de jogos 2D. Também vi que havia espalhados pelo mundo vários professores da área de jogos querendo aplicar seus conhecimentos para o ensino de programação. Nesta época comecei a interagir com muitos destes e desenvolvi uma metodologia, que até hoje tento ir aprimorando”, explica Clua.



O aprendizado não ficou restrito à sala de aula e se tornou uma obra da editora Elsevier reconhecida na academia voltada aos jogos digitais no Brasil. “Como resultado deste aprimoramento, eu e meus amigos Bruno Feijó, da PUC-Rio, e Flavio Soares, da USP, escrevemos um livro chamado ‘Introdução a Computação, uma abordagem através dos Jogos’, no qual ensinamos programação em Java usando games como exemplo. Para isso, desenvolvemos uma biblioteca Java, chamada JavaPlay. Atualmente aprimoramos esta linguagem, que se chama JPlay e é gratuita e disponível na Internet“, diz o professor.




Até o próximo Melhor do Planeta

Fonte: http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/10/falta-base-matematica-aos-programadores-de-games-diz-professor-da-uff.html

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