quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

'Faltam games únicos no Brasil', diz ex-diretor de Tomb Raider









O americano Joseph Olin é considerado um veterano do mercado de games internacional, principalmente como executivo e diretor de marketing. Em 1996, ele estava na equipe da Eidos Interactive no lançamento do primeiro Tomb Raider, o jogo que trouxe uma heroína para os consoles: Lara Croft. Diferente de outros de nossos textos, a coluna Geração Gamer conversou com Olin, que se apresentou na Campus Party Brasil em uma palestra gratuita na Faculdade Impacta Tecnologia. O entrevistado falou sobre sua experiência, mercado brasileiro e lições que empreendedores precisam saber ao decidir criar um game. Confira. Conheça o Can Game, jogo feito para crianças autistas premiado pela Microsoft. Diretor do primeiro Tomb Rider fez críticas ao mercado brasileiro de jogos (Foto: Campus Party Brasil/Divulgação) Falta originalidade? Para Joseph Olin, o principal problema de nossos jogos é que eles
arriscam poucas ideias originais. Há muita cópia de fórmulas que dão
certo lá fora. “Eu fui no ranking da App Store e da Google Play Store e comentei com alguns de meus amigos que me deprime a falta jogos originais aqui. Há poucas exceções que não existem fora. Faltam games únicos no Brasil e isso é um pouco deprimente, porque o mercado de smartphones está crescendo cada vez mais”, disse o executivo à coluna. Brasileiro precisa ser mais original ao criar seus próprios jogos, diz americano (Foto: Campus Party Brasil/Divulgação) Em suas palestras, Olin dá algumas dicas do que realmente faz sucesso na indústria de jogos, seja nos grandes mercados ou entre empreendedores independentes. “Os fliperamas (arcades) chegaram a formar uma indústria que valia sete bilhões de dólares e hoje não são nada. Depois veio o Sega Mega Drive, Nintendo 64, tanta coisa. Eu trabalhei como assistente de produção e em diversos cargos, até ajudando com a marca Barbie e suas primeiras bonecas. Para vocês que estão se graduando para atuar na área, saibam que minha mulher gasta mais tempo em games do que eu mesmo. Ela diz que compra jogos por 99 centavos no celular. Algum de vocês conhece Candy Crush Saga? Este são os games de hoje”, explicou o empreendedor. Para Joseph Olin, grande ideias surgem sem a intenção do criador ou quando a empresa está em crise, precisando fazer um jogo realmente rentável. O empreendedor diz que esse perfil se reflete em suas diferentes experiências. Olin foi o primeiro a criar um advergame para a Coca-Cola com linguagem BASIC. Ele também foi presidente da Academia de Artes e Ciência Interativas, a maior associação da indústria de jogos eletrônicos, que cresceu mais de seis vezes, passando de 3 mil integrantes para 20 mil, sob sua gestão. Joseph Olin também dirigiu a cúpula da D.I.C.E. (Design, Innovate, Communicate, Entertain), o evento Interactive Awards e a exposição de arte “Into the Pixel Videogame”. Atualmente, Olin é dono de uma consultoria de jogos, chamada “It’s a secret”, e é professor adjunto de programação em videogames da University of Southern California. Também é diretor-executivo do Digital Media Arts Association International (iDMAa), a associação americana educativa e profissional para promover a interação entre o comércio e o mundo acadêmico. Apesar das críticas, Olin vê oportunidades em nosso país, também: “No Brasil, por incrível que pareça, vocês tem mais oportunidades para criar algo novo do que nós na América. Porque vocês tem equipes jovens e um crescimento acelerado dos smartphones. A oferta de crédito e as opções parceladas de pagamento por um ano facilitam as coisas”. Crises podem ser oportunidade para novos jogos Joseph Olin estava no marketing do primeiro Tomb Raider de Lara Croft (Foto: Campus Party Brasil/Divulgação) “Foi muito louco lançar o primeiro Tomb Raider em 1996, porque nós tínhamos medo que a empresa fracassasse na missão. A Eidos era uma empresa inglesa fundada por um educador chamado Stephen Bernard Streater, que amava computadores. Estávamos fora dos Estados Unidos, no Reino Unido, e conquistar aquele mercado era como a Corrida do Ouro. Era como a conquista do oeste, assim como ocorreu entre os americanos”, explicou Olin, que esteve diretamente ligado ao setor de vendas e marketing daquele primeiro jogo. O game foi sucesso comercial e de crítica, com mais de sete milhões de cópias vendidas e total aceitação da protagonista Lara Croft. Originalmente, o personagem era para se chamar Larry. E seria um homem. Mas, o design do arqueólogo, muito parecido com Indiana Jones, fez a empresa optar por mudar os planos de última hora. “Pegamos bem aquele período da briga entre a Sega e a Sony. A verdade é que a Sony ganhou de todos e nós lançamos o jogo também no PlayStation (ele saiu também no Sega Saturn)”, completa o empreendedor. O jogo, de acordo com Joseph Olin, apostou 100% na tecnologia 3D, que era uma novidade na época, após diversos jogos 2D na era do Super Nintendo. “O que era a Rovio antes de Angry Birds? Nada, não é? Eles não criaram o jogo achando que iriam faturar muito dinheiro, mas aproveitaram os recursos dos smartphones. Estavam prestes a falir. Portanto, não façam jogos para si mesmos. Tentem achar uma nova oportunidade no mercado”, diz Olin, citando o exemplo de outra empresa que, como a Eidos, criou um jogo a partir de uma crise interna. Três dicas para começar a fazer seu primeiro jogo “Não é difícil dar dicas para começar. Primeiro, limite o escopo de sua ideia, para não entrar em mercados que desperdicem seu tempo. Você vai comprar seu tempo para deixar este jogo pronto. A segunda dica é simples: Não faça tudo de graça. Só faça algo de graça se for reinvestir este tempo na empresa. O último toque é: Não tenha medo de matar o que não funciona”, explicou o executivo. Joseph Olin palestrando na Faculdade Impacta: Limite suas ideias, não trabalhe de graça e mate o que não funciona são suas dicas para criar seu primeiro game (Foto: Impacta/Divulgação) Joseph Olin disse em suas palestras que, atualmente, o mercado é dominado por jogos online Free-To-Play, vendidos por preços cada vez menores. Por isso, é muito mais difícil fazer sucesso hoje em dia. Esses motivos pedem que os novos desenvolvedores tenham ideias criativas, saibam descartar o que é inútil e, acima de tudo, não façam qualquer trabalho sem algum retorno. Qual o melhor game para smartphones ? Opine no Fórum do TechTudo. saiba mais Brasileiro recebe dicas de Neil Gaiman para dar aulas sobre roteiro de games Gamer com maior coleção de consoles do Brasil quer criar museu de jogos Xilo mostra que é possível criar jogos de qualidade inspirados na cultura nacional Brasileiro cria shooter de zumbis com gráficos de ponta para tablets

Até o próximo Melhor do Planeta

Fonte: http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/02/faltam-games-unicos-no-brasil-diz-ex-diretor-de-tomb-raider.html

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