Como psicoterapeuta e fotógrafa, Sian Davey decidiu utilizar a segunda atividade como um modo de desmistificar a Síndrome de Down de Alice, uma de suas filhas.
Ela quis mostrar que todas as famílias são parecidas umas com as outras. “As histórias variam, mas todos nós experimentamos emoções semelhantes. Somos todos vulneráveis a sentimentos de raiva, tristeza e depressão”, conta em seu site.
Sian produziu este tocante ensaio fotográfico, intitulado “Finding Alice” (Encontrando Alice), para vencer os preconceitos dos outros e para enterrar o seu próprio, contra o qual lutou bravamente desde o nascimento da filha.
Veja abaixo as singelas imagens que registram o cotidiano de Alice e leia o emocionante depoimento de uma mãe:
Alice apareceu em um mundo onde o rastreamento genético de rotina, realizado após 12 semanas de gestação, é voltado para a prevenção do nascimento e não para a preparação do parto.
Embora tomemos nossas decisões em privado, o efeito sobre a sociedade é que 92% dos bebês com Síndrome de Down são abortados na fase de triagem pré-natal. De fato, antes da introdução da triagem, as crianças como Alice teriam sido severamente marginalizadas até que fossem levadas para viver em instituições, e receberiam poucos ou limitados cuidados médicos.
Fiquei profundamente chocada quando Alice nasceu como um bebê ‘imperfeito’. Não era o que eu esperava. Nossas primeiras experiências no hospital pouco fizeram para acabar essa ideia.
Examinando-a, o pediatra afastou suas pernas, empurrou seus polegares com força contra sua virilha e, prontamente, anunciou que deveríamos levar Alice para casa e tratá-la como qualquer outro bebê.
Mas ela não se sentia como qualquer outro bebê, e eu estava cheia de uma ansiedade que permeava todos os aspectos do meu relacionamento com ela.
Meus anseios penetraram em meus sonhos. Sonhei que Alice estava enrolada em um cobertor e que eu tinha esquecido tudo sobre ela. Eu desembrulhei o apertado pacote em que ela estava aninhada para alimentá-la, apenas para descobrir que ela estava coberta por um líquido branco – um fluido de negligência.
E ainda assim eu era incapaz de alimentá-la, incapaz de responder às suas necessidades básicas.
Refletindo, eu percebi que Alice estava sentindo minha rejeição em relação a ela e isso me causou mais dor.
Eu vi que a responsabilidade estava comigo.
Eu tive que escavar profundamente em meus próprios preconceitos e fazer brilhar uma luz sobre eles.
O resultado foi que, com o meu medo dissolvido, eu caí de amores pela a minha filha. Todos nós caímos!
Eu me pergunto como Alice poderá a ser valorizada, sem distinção, sem exceção e sem ‘segunda olhada’.
Esse projeto é para ela, para Alice.
Até o próximo Melhor do Planeta
Fonte: http://somentecoisaslegais.com.br/arte/fotografia/para-vencer-preconceitos-inclusive-o-proprio-mae-produz-serie-de-fotos-sobre-filha-com-sindrome-de
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